Roteiro de viagem na Suíça - escrito por quem lá vive
Este
roteiro foi escrito depois de 5 anos a viver na Suíça e muitos fins de semana a
visitar o país. Só agora me senti preparada para tamanha empreitada.
O país é pequeno em tamanho mas é imenso em locais de interesse e, na
verdade, mesmo ao fim de 5 anos, ainda sou constantemente surpreendida com
novas montanhas, cascatas e pequenas aldeias. É o roteiro possível para apenas duas semanas, o tempo que a maior parte das pessoas dispende quando visita a Suíça, mas que sem dúvida dará uma boa ideia da beleza do país.
Nota
prévia:
- Se ainda não leram as nossas dicas de viagem na Suíça, leiam aqui: Dicas de viagem na Suíça
- Se ainda não leram as nossas dicas de viagem na Suíça, leiam aqui: Dicas de viagem na Suíça
- Os principais aeroportos suíços são
os de Genève, Zurich e Basel. Vou começar o itinerário por Genève mas quem
chegar a partir de outro aeroporto adapta os dias ao sítio de chegada.
- Não
incluí nenhum dos famosos
percursos suíços de comboio no itinerário porque, por serem muitos, será
tratado num artigo à parte. Mas se quiserem fazer algum, sugeria o Glacier
Express, o Bernina Express ou o Golden Pass Classic.
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Zermatt |
Dia
1
Genève visita-se em pouco tempo. As zonas
mais bonitas são a beira lago com o famoso jet d’ eau e o jardim botânico. A
catedral e a zona das organizações internacionais também são interessantes. Se
visitarem no verão podem dar um saltinho à praia de Eaux-Vives. Sim, há muitas
praias nos lagos da Suíça e, opinião polémica, eu sei, não ficam atrás das
praias de mar noutros países.
Outra opção, é marcar com antecedência
uma visita ao CERN. Ter em atenção que não permitem a entrada a menores de 12
anos.
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Genève |
De Genève a Lausanne há uma
imensidão de vilas e pequenas aldeias dispersas à volta do lago Léman e
quilómetros de vinhas. Todas essas localidades têm praia e muitas delas têm
castelos e museus. Coppet, Nyon, Prangins, Saint-Prex e Morges são algumas
das minhas favoritas.
Também é possível fazer passeios de
barco a partir de quase todas as vila à volta do lago. A partir de Nyon
é até possível visitar a aldeia francesa de Yvoire só a 20 minutos de
distância de barco.
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Lac Léman |
Lausanne, capital do cantão Vaud, tem uma beira
lago lindíssima e como é a cidade onde está instalado o comité olímpico é
possível visitar o museu olímpico mesmo junto ao lago.
Se visitarem esta zona no inverno e
não quiserem visitar as aldeias à volta do Lac Léman podem sempre optar por, a
partir de Nyon, subirem, de carro ou comboio, até Saint-Cergue ou Givrine
para dar um passeio pela neve. É uma das zonas mais bonitas e mais fáceis de
aceder no inverno e há neve desde final de outubro até abril. Nesta zona existe
o maior lago gelado da europa, o Lac de Joux. Não gela todos os anos mas
se vierem de janeiro a março pesquisem para ver se está gelado. Se estiver, é
um espetáculo imperdível.
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Lavaux |
De Lausanne continuam até Vevey (a
cidade da sede da Nestlé) e Montreux, uma das capitais mundiais do jazz e
a quem muitos famosos chamaram casa: Freddie Mercury, Vladimir Nabokov,
Stavinsky, David Bowie, Charlie Chaplin, entre outros. Para além das vistas do
lago emolduradas pelos Alpes tem também o castelo mais bonito da Suíça, o
Château de Chillon. Se tiverem Swiss Travel Pass a entrada no castelo é
gratuita.
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Chillon |
Dica: Se quiserem dar um saltinho à cidade de
Genève e estiverem sem carro, no aeroporto, existem umas máquinas perto da zona
de recolha de bagagens que dispensam bilhetes
de comboio gratuitos até à cidade de Genève. Aproveitem que não há muita coisa
grátis no país :D
Se forem de carro podem estacionar no
estacionamento subterrâneo “Mont Blanc” e daí visitar a cidade a pé.
Dia 2, 3 e 4
É dia de continuar viagem até Zermatt,
a incontornável aldeia Suíça no sopé do Matterhorn. É turística, é previsível
mas é imperdível. Zermatt consegue ser, sem grande esforço, um dos sítios mais
bonitos da Suíça. É a paisagem adornada pelo Matterhorn, pelo Monte Rosa e um
sem número de outras montanhas, é o enclave da pequena vila a que só se chega
de comboio, são as centenas de quilómetros de trilhos pintalgados de lagos
glaciares, é a mescla de turistas ricos com as suas roupas de marca a par com
os montanhistas de arnês e piolet. Há um lugar para tudo e para todos em
Zermatt.
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Zermatt |
Pelo caminho, vale a pena parar para
ver o castelo de Aigle e tirar uma foto aos dois castelos de Sion.
Já perto de Zermatt, fazendo um pequeno desvio chegam a Sass-Fee onde
além das típicas aldeias de chalets suíços e campos verdejantes, no
verão, e infindáveis pistas de ski, no inverno, há um glaciar muito bonito.
Zermatt é uma vila “car free”. Por
isso, se estiverem de carro ou caravana vão ter de o deixar em Täsch (a
aldeia com maior percentagem de portugueses na Suíça) num dos muitos
estacionamentos aí existentes e subir de comboio ou numa das carrinhas
coletivas com autorização para subir até Zermatt. Se estiverem de caravana há
um parque de campismo logo a seguir à estação de comboios.
Se precisarem de alojamento fica muito
mais barato dormir em Tasch e o mesmo se diga para comer.
Um dia é muito, muito, pouco para
Zermatt. O mínimo dos mínimos são dois ou três e o ideal a vida inteira.
Se visitarem Zermatt no inverno tudo
anda à volta do ski, no verão, das caminhadas.
Todas as vezes que vamos a Zermatt
descobrimos uma nova caminhada favorita mas há algumas que não podem mesmo
deixar de fazer. Cada uma delas leva sempre um dia a concluir.
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Zermatt |
1) A caminhada dos 5 lagos (5
seenweg). Apesar de ter quase 10 km e demorar cerca de 3 horas a completar é
muito agradável para fazer com crianças. Já o fizemos quando o nosso filho era
bebé na cadeira e duas vezes com ele já a fazer o trilho pelo próprio pé. Para
aceder ao início da caminhada é preciso apanhar um funicular até Sonnega e
depois um teleférico até Blauherd. Para regressar já é só necessário o
funicular de Sonnega.
2) Gornergratt – Apanha-se um pequeno comboio logo à
entrada de Zematt, em frente à estação principal, que em 30 minutos chega aos
3100 metros. Aí chegados, para além das vistas para glaciares e 29 montanhas
com mais de 4000 metros, incluindo o Monte Rosa, têm o hotel a maior altitude
na europa e, com uma caminhada de 20 minutos têm o lago Riffelsee e 2 minutos
depois um segundo lago.
3) O Matterhorn Glacier Trail – Começa
aos 2900 metros e desce até aos 2500 (muito bom para fazer com crianças) e tem
vistas do outro mundo ao longo dos seus 6,5 Km. Vão ter de apanhar um
teleférico na outra ponta da vila, o Zermatt-Furi, até Trockener Steg e a
partir daí estão rapidamente num trilho com vistas para dois glaciares, o Furgg
e o Theodu. O trilho acaba no Schwarzsee e dái podem descer durante mais duas
horas até Zermatt ou apanhar um teleférico.
Dia
5
De Zermatt volta-se alguns Km atrás
até Bettmeralp. É aqui que se encontra o maior glaciar da Europa, o Aletsch,
com os seus 23 km de comprimento e com vistas para 32 montanhas com mais de
4000 metros e que, com todo o mérito, faz parte da lista da Unesco.
A caminhada completa pelo glaciar são
14 Km e leva 5/6 horas a concluir (mas dá para visitar só parte) e passa por
outros glaciares para além do Aletsch, como o Grosses Gufer e o Fiescher.
Este sítio é uma visita imperdível.
Não é todos os dias que se consegue estar tão perto de glaciares e,
infelizmente, ao ritmo a que destruímos o planeta, já não temos muito tempo
para os ver.
Dia
6
Por esta altura é hora de seguir para
uma das estradas mais icónicas do mundo, o Furka Pass, a 2431 metros,
que liga o cantão de Valais ao de Uri. A estrada só está aberta no verão e
mesmo no verão é sempre melhor verificar se o pass está aberto - https://www.alpen-paesse.ch/en/. No inverno os carros são
encaminhados para o comboio até Realp (já nos aconteceu e é muito divertido
fazer a viagem dentro do carro num comboio. As caravanas até 3500 kg também cabem).
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Furka Pass |
O Furka Paas ficou famoso em 1964 com
a perseguição entre o Aston DB5 e o Mustang pela montanha no filme James Bond
Goldfinger. A estrada no entanto já existe desde 1867 e foi construída por
razões militares.
Uma das grandes atrações do Furka Pass
é a visita ao glaciar Rhone (onde nasce o rio Rhone que passa depois por
Genève e desagua no mediterrâneo), mesmo em frente ao famoso Hotel Belvedere,
onde é até possível entrar numa gruta de gelo.
Depois do ponto mais alto do pass, já
na descida, vão encontrar um parque de estacionamento, o parque Tätsch, para uma das caminhadas mais bonitas e
exclusivas da Suíça, a caminhada para o Albert Heim Hütte. São 7 Km
(2:30 horas) e um desnível de 500 metros até um refúgio, que tal como o nome
indica, foi mandado construir pelo geólogo e especialista em glaciares de
Zurique, Albert Heim. A caminhada está repleta de clichés suíços: montanhas,
glaciares, paredes de escalada e pequenos riachos. É possível pernoitar no
refúgio marcando com antecedência.
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Furka Pass |
Se fizerem a viagem no Inverno podem
passar este dia em Andermatt, que fica no final do Furka Pass, logo a
seguir à estação de comboio onde os carros acabam a travessia de vagão, e a que
também dá para aceder de carro pelo cantão de Uri. É uma estância de ski famosa
no inverno mas no verão também é uma boa opção para caminhadas.
Dia
7
A Suíça central tem tanta coisa para
ver que seria preciso um mês… mas não sendo possível despender tanto tempo, Stoos
é uma boa introdução à zona. Para chegarem à aldeia vão ter de deixar o carro
num parque de estacionamento e apanhar o comboio mais a inclinado do mundo. A
aldeia é muito bonita quer de inverno quer de verão, mas no verão há a
possibilidade de fazer a caminhada panorâmica com vista para o lago de Luzerne
e de Zug.
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Stoos |
Em opção a Stoos podem ir a Sattel,
que fica no mesmo cantão. Ou se tiverem começado o dia cedo pode ser que
consigam visitar os dois. No Sattel têm uma das maiores pontes suspensas do
mundo para além de várias caminhadas.
Sigam depois para a visitar a cidade
de Luzerne e dormir por aí ou até Zug, o cantão com os impostos
mais baixos do país e com o maior número de residentes milionários.
Dia
8
Em Luzerne é possível apanhar
um barco e visitar o lago (dá para usar o swiss travel pass) e ir saindo nas
várias aldeias. A mais bonita é Weggis a que também conseguem aceder de
carro se preferirem.
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Weggis |
Se tiverem começado o dia cedo, ou em
opção, ainda poderão visitar o Monte Pilatus. Dá para ir de barco, carro
ou comboio até ao teleférico ou ao comboio (o segundo mais inclinado do mundo)
que vos levará ao topo. O comboio só funciona no verão e o teleférico o ano
inteiro. As vistas lá de cima são qualquer coisa e a pequena caminhada Tomlishorn,
com apenas 1,4 Km para cada lado, é muito interessante e acessível.
Dia
9
Mais um dia e mais uma montanha com
acesso de comboio, o Rigi, a rainha das montanhas suíças, como é
conhecida, e mais caminhadas e vistas de cortar a respiração.
Em alternativa ao Rigi podem visita o Titlis.
Acho o Titlis mais turístico mas se vierem no verão e quiserem ver neve, o
Titlis é uma boa opção porque tem um teleférico que sobe a mais de 3000 metros,
onde poderão ver neve todo o ano e um glaciar.
Viagem em direção a Bern, a
capital da Suíça.
Dia 10
Depois de visitar o centro da cidade
seguir até ao Interlaken, visitar a vila e as vistas de Iseltwald
e depois continuar até Lauterbrunnen.
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Lauterbrunnen |
Se só puderem conhecer dois sítios na
Suíça o Lauterbrunnen é um deles. Foi este o vale que inspirou J. R. R. Tolkien
para a paisagem de Rivendell, na trilogia Senhor dos Anéis, quando visitou
Lauterbrunnen em 1911.
O vale tem 72 cascatas incluindo a Trümmelbach,
património natural da Unesco, que consiste numa série de 10 cascatas interiores
formadas pelos glaciares das montanhas Eiger, Mönch e Jungfrau.
O Camping Jungfrau é uma boa opção
para dormir, quer no parque de campismo quer no hostel que fica no mesmo sítio
- www.campingjungfrau.swiss
Dia
11
Passar o dia no vale de lauterbrunnen.
Há uma caminhada muito acessível ao longo do vale que começa ao pé da cascata
Staubbach e que passa pelas quintas e restantes cascatas.
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Lauterbrunnen |
Outra opção é apanhar o teleférico até
Murren e Gimmelwald e daí até Schiltorn (2971 m) uma
montanha famosa por causa do filme de James Bond, ao serviço de sua majestade, que
foi aí filmado. Uma das nossas paragens favoritas fica em Allmendhubel (1907
m) onde podem encontrar o parque infantil mais bonito da Suíça e caminhar pelo
flower trail, que como o nome indica, é uma caminhada no meio das flores de
montanha.
Dia
12
Grindewald é outra aldeia a não perder nesta
região. É daí que partem as cordadas de alpinistas que tentam conquistar a
famosa face norte do Eiger. Mas para quem não se sentir tão aventureiro há
outras coisas interessantes nesta zona.
Podem vir, ou ir, consoante o caso, de
Lauterbrunnen no comboio que passa por Kleinen Scheidegg e Wengen.
As vistas são do outro mundo. Também é possível fazer este percurso a pé. Não é
uma caminhada muito técnica mas é longa.
Em Kleinen Scheidegg é possível apanhar
mais um comboio para o Jungfraujoch (3424 m), o topo da Europa. Aí têm vistas
para o mar de gelo, podem visitar o palácio de gelo, enfim, um mundo de gelo e
ainda o lindíssimo lago Bachalpsee.
Dia
13
É hora de seguir para a região de Adelboden,
ainda no Bernese Oberland. No inverno toda a zona fica transformada numa
estância de ski e passeios na neve e no verão são as caminhadas que tomam conta
do espaço.
Perto de Adelboden, em Tschentenalp,
há uma nova atração, um baloiço gigante com vistas para os Alpes que vale muito
a pena.
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Blausee |
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Blausee |
Alguns quilómetros depois fica um dos
lagos mais fotografados da Suíça, o Blausee. O lago fica em terreno
privado mas dá para visitar pagando entrada. Pessoalmente gosto mais do lago no
inverno, quando não há quase ninguém e há neve fresca por todo o lado. Mas no
verão, se chegarem cedo, também é muito bonito.
O Oeschinensee, meia dúzia de
quilómetros depois do Bausee é, muito provavelmente o meu lago favorito. No
inverno fica completamente gelado e dá para caminhar, patinar e andar de trenó
no lago, para além de poderem usufruir das pistas de ski à volta, e no verão dá
para nadar, andar de barco, de toboggan e fazer piqueniques e caminhadas.
Acede-se ao lago através de teleférico e uma pequena caminhada de 15 minutos a
pé.
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Oechinensee |
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Oechinensee |
Dia
14
É altura de regressar a Genève ou
outro aeroporto. A caminho de Genève aconselho a que escolham o caminho que
passa por Gruyère e visitem o castelo, façam um tour na fábrica de
chocolate Maison Cailler e bebam qualquer coisa no HR Giger Bar,
um bar de inspiração futurista, único no mundo.
Se ainda tiverem tempo de sobra, a
cerca de 30 minutos de Genève podem visitar Annecy e a 1 hora fica Chamonix-Mont
Blanc.
Se partirem do aeroporto de Zurique,
para além de visitarem a cidade, no verão, podem dar um saltinho às praias da
costa dourada ou da costa prateada ou ir tomar qualquer coisa ao B2 Boutique
hotel, o meu restaurante/biblioteca favorito na cidade.
Alguns dos dias do itinerário poderão
estar um pouco “preenchidos” mas na Suíça é sempre preciso ter um plano B por
causa da imprevisibilidade do tempo e, já agora, usar um site ou app suíça para
consultar a meteorologia porque são normalmente mais fiáveis.
Quando usarem o nosso roteiro façam um
tag e digam olá ao Mundo Magno:
Top!!! Quando (e não se) usar das tuas dicas, o Tag será feito ;) é o mínimo. (Patrícia)
ResponderEliminarMuito obrigada Patrícia! Espero que esse "quando" esteja para breve :)
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